Adeus, madrinha!
Por Julio Cesar Cardoso de Barros
Morreu no Rio de Janeiro nesta terça-feira, 30 de abril de 2019, a cantora Beth Carvalho, a madrinha do pagode, aos 72 anos. Ela estava internada no Hospital Pró-Cardíaco, no Botafogo, Zona Sul da cidade, desde 8 de janeiro.
Depois de um afastamento causado por uma fissura na região sacra, que a levou à
cadeira de rodas sujeita a repouso absoluto, Beth Carvalho,
uma das maiores cantoras brasileiras, retomou
oficialmente a carreira em fevereiro de 2013, com shows no SESC, no Rio, e no HSBC Brasil, em São Paulo, em apresentações únicas. "Estou muito feliz e emocionada
por reencontrar meus músicos e por apresentar agora esse show ao público
paulista. Nesse período em que fiquei afastada, recebi muito carinho dos meus
fãs, parentes, amigos e compositores. Essa força é que me leva de volta ao
palco. O samba cura", declarou na ocasião. Nascida no dia 5 de maio de 1946 no bairro da Gamboa, na região portuária do
Rio, um dos berços do samba carioca, Elizabeth Santos Leal de Carvalho foi
criada na Zona Sul, do Catete a Botafogo, bairro cujo time de futebol tornou-se
uma de suas grandes paixões. Neta de uma violonista e bandolinista, irmã da
cantora Vânia Carvalho, ela começou a cantar muito cedo e ainda menina
participou de programas de rádio, inspirada no ambiente musical em que vivia,
com sua casa frequentada por Elizete Cardoso, Silvio Caldas e outros artistas,
amigos de seu pai, o advogado Francisco Leal de Carvalho. Estudou na Escola
Nacional de Música, fez balé clássico e se encantou com o movimento da bossa
nova, liderado por João Gilberto no final dos anos 50, início dos 60. Por essa
época, cantou em festivais universitários e participou de shows de bossa. Foi
nesse clima que deu início à sua carreira fonográfica, em 1965, com um compacto
simples pela RCA Victor, que trazia a música Por Que Morrer de Amor?,
dos bosseiros Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli. Em 1967, como cantora do
conjunto 3D, gravou o LP, Muito na Onda, com Antônio Adolfo ao piano e
Hélio Delmiro na guitarra. O repertório trazia hits internacionais do momento,
como Winchester Cathedral (G. Stephens), clássicos da canção Americana,
como I've Got You Under My Skin e Night And Day, de Cole
Porter, além de Chico Buarque, Gilberto Gil, Menescal e Bôscoli, Marcos e Paulo
Sérgio Vale e Antonio Adolfo. No mesmo ano fez parte do elenco do espetáculo Música
Nossa, com Egberto Gismonti e Tibério Gaspar.
Grupo 3D: bossa e Cole Porter
Conheceu, então aquele que seria um de seus compositores preferidos,
cuja influência a levou a trocar a bossa pelo samba: Nelson Cavaquinho, com
quem participou do show A Hora e a Vez do Samba, que contava ainda com
Zé Kéti e o grupo Os Cinco Crioulos. Sua boa voz levemente rouca, aveludada e
superafinada atraiu a atenção dos autores e músicos com quem trabalhou. Foi
assim que defendeu Caminhada, de Antonio Adolfo e Tibério Gaspar no
Festival Internacional da Canção, em 1967. A partir daí foi figurinha carimbada
nos festivais, tendo seu ápice em 1969, quando defendeu o que seria um de seus
sucessos eternos, Andança, de Paulinho Tapajós, Edmundo Souto e Danilo
Caymmi, que ficou no terceiro lugar no III Festival Internacional da Canção. A
música deu título ao seu primeiro LP, pela Odeon. Em 1969, foi à
Grécia, defender Rumo Sul, uma música de Edmundo Souto e
Paulinho Tapajós, na Olimpíada da Canção Mundial, classificando-se em sexto
lugar. Passada a fase da bossa nova e dos festivais, Beth se entregou de corpo
e alma ao samba, gênero pelo qual se apaixonou e que coube direitinho em sua
boa voz e na sua interpretação sóbria. Ao longo da década de 70 lançou grandes
discos com o melhor do samba: Beth Carvalho Especial (1971), Canto
Por Um Novo Dia (1973), Pra seu Governo (1974), Pandeiro e
Viola (1975), Mundo Melhor (1976), Nos Botequins da Vida
(1977), De Pé no Chão (1978) e No Pagode (1979).
Beth canta Andança:
Beth
Carvalho é o tipo da cantora que não quer parceria dos compositores que grava.
Ela procura ser o mais fiel possível à composição original, o que faz a alegria
de seus autores. A sobriedade da interpretação desnuda uma voz de
características únicas no universo da música popular brasileira. Homogênea nos graves
e nos agudos, suave, mas densa. Sem grandes apelos dramáticos, os sambas-canção
que grava não têm aquele romantismo derramado tão do agrado das massas
consumidoras de música no Brasil, mas exibem o lirismo sóbrio que caracteriza
autores como Cartola, Mauro Duarte e Délcio Carvalho. Com tais características
seria de estranhar que ela pudesse gravar sambas mais rasgados, mas foi
exatamente o que ela fez com grande sucesso. A partir de 1971, quando na
verdade tem início para valer sua carreira de sambista, com a gravação em
compacto do samba-enredo da Unidos de São Carlos Rio Grande do Sul na Festa
do Preto Forro, e do samba de embalo Amor, Amor, do Bloco
Carnavalesco Bafo da Onça, ela enveredou por todos os subgêneros do samba de
escola, de morro e suburbano, gravando velhos autores esquecidos, valorizando
os bons compositores que já tinham alguma visibilidade e, sobretudo,
descobrindo jovens inspirados das quebradas mais distantes. No LP Canto Por
Um Novo Dia, cujo título é um samba de Garoto da Portela, gravou o
clássico Folhas Secas, um dos muitos sambas imortais de Nelson
Cavaquinho e Guilherme de Brito. Sobre esse disco, José Ramos Tinhorão, o
crítico de opinião de pedra, escreveu: "Um dos melhores discos de música
popular brasileira dos últimos tempos foi lançado pela Tapecar praticamente em
cima do carnaval passado, acrescentando a essa importunidade um tal descaso
pela sua divulgação, que transformou o disco numa obra quase clandestina. No
entanto, esse LP intitulado Beth Carvalho - Canto por um Novo Dia (Tapecar
X-19) possui tais qualidades, e oferece tantas sugestões, que seria uma omissão
imperdoável deixá-lo passar sem um comentário, apesar do atraso". Sua
preocupação com a qualidade a levou a reunir em torno de si um time de músicos
que emolduraram com belos arranjos e harmonias sambas às vezes rústicos, porém
inspirados, que foi buscar nos terreiros das escolas e nas rodas dos subúrbios
da cidade. Com esse propósito, entraram em estúdio gênios do naipe de Dino 7
Cordas, Geraldo Vespar, Nelson Cavaquinho (violão), Luizão (baixo), o pianista
e arranjador Cesar Camargo Mariano, o ritmista Marçal, o Conjunto Nosso Samba,
Chico Batera, Martinho da Vila e muitos outros. Era o samba recebendo
tratamento de primeira.
Canto Por Um Novo Dia
Em 1974, no álbum Pra Seu Governo, um samba de Gracia do Salgueiro
estourou nas rádios: 1800 Colinas. O sucesso a catapultou para o
primeiro time da música e a levou novamente à Europa. A esse disco seguiram-se
quatro dezenas de álbuns, sempre com a marca da qualidade da intérprete, dos
arranjos refinados e das composições selecionadas, dando ao samba um status que
havia tempos ele perdera. Os holofotes estavam sobre ela e a Globo incluiu sua
gravação de As Rosas não Falam, de Cartola, na trilha da novela Duas
Vidas (1975). Quando isso acontece, o sucesso se amplifica entre as
diversas camadas da população – e Beth tornou-se unanimidade. Ao lado de Clara
Nunes, que também era um sucesso fonográfico de monta por essas alturas, Beth
ajudava a destruir o mito de que no Brasil mulher não vendia discos. Ainda mais
cantando samba. Clara Nunes na EMI e Beth Carvalho na RCA desmentiam os
marqueteiros das gravadoras, as duas trafegando na mesma faixa de mercado numa
rivalidade saudável em que a voz rouca e aconchegante de Beth Carvalho
contrastava com a exuberância de Clara, mostrando que não há empecilho vocal
para as boas intérpretes do samba. Os anos 70 foram dominados por grandes
intérpretes do gênero, como Beth, Clara, Alcione, Roberto Ribeiro, João
Nogueira e Martinho da Vila.
Beth canta 1800 Colinas:
O samba estava no auge. Nelson Cavaquinho lançara seus primeiros LPs, o
mesmo acontecendo com Cartola, corrigindo injustiças históricas e perpetuando a
voz desses dois grandes autores na interpretação de suas canções. Em 1977, Beth
gravou com estrondoso sucesso O Mundo É Um Moinho, de Cartola,
regravado inúmeras vezes pelos mais diferentes artistas. Pouco depois, ela
estouraria com os sucessos Vou Festejar (Neoci, Dida e Jorge Aragão, 1978)
e Coisinha do Pai (Jorge Aragão, Almir Guineto e Luiz Carlos da
Vila, 1979), que embalaram desfiles do Cacique de Ramos e explodiram na sua voz
nos carnavais do final dos anos 70. Por esta época, depois de gravar
várias composições de autores das escolas de samba, dos morro e subúrbios da
cidade, Beth incursionou pela Paulicéia, onde mantinha uma platéia fiel, que
lotava ginásios e quadras de escolas de samba para ouvi-la. Teve contato com os
compositores da terra e não perdeu tempo. Abriu nova frente de trabalho: a
divulgação de bons compositores paulistanos ou em atividade na cidade. Em 1979,
o compositor Talismã, da Escola de Samba Camisa Verde e Branco, teve seu samba Meu
Sexto Sentido (parceria com Raymundo Prates) gravado no LP No Pagode.
Mais tarde, ela gravaria Geraldo Filme, Osvaldinho da Cuíca, Adoniram Barbosa,
Paulo Vanzolini, Eduardo Gudin entre outros, chegando a lançar um disco duplo
exclusivamente com sambas paulistas, produzido em 1994 por Eduardo Gudin: Beth
Carvalho Canta o Samba de São Paulo, que lhe valeu um Prêmio Sharp. No
início dos anos 80, marcando sua vocação de madrinha, chegou a batizar a Rua do
Samba, que a escola Camisa Verde e Branco promovia diante do salão São
Paulo Chic, na Rua Brigadeiro Galvão, na Barra Funda, reunindo uma média de 5
000 pessoas aos domingos.
Beth canta Vou Festejar com a bateria Surdo Um da Mangueira:
Os anos 80 viram nascer o chamado pagode, no embalo das rodas de samba
do Cacique de Ramos, de onde saiu o grupo Fundo de Quintal, revelando talentos
como Neoci, Almir Guineto, Jorge Aragão, Sereno, Sombrinha, e depois Arlindo
Cruz, Cléber Augusto e outros. Se antes pagode queria dizer reunião de
sambistas ou a forma como o sambista se referia à sua mais recente composição,
agora ele assumia características de subgênero, trazendo como inovação o
repique de mão, o tantam no lugar do surdo e o banjo de braço curto, introduzido
por Almir Guineto. Beth foi madrinha desse povo, gravando suas músicas e
divulgando seus autores. Levou prestígio ao samba do terreiro do Cacique. Em
entrevistas, exaltava suas qualidades de reduto do melhor samba. Foi por Beth
que muitos jornalistas ouviram falar, na primeira metade dos anos 80, de um
jovem talento que despontava: "Olha, só! Guarda esse nome: Zeca Pagodinho. Esse
menino é muito bom". Luiz Carlos da Vila, Arlindo Cruz, Zeca Pagodinho, Fundo
de Quintal são todos afilhados de Beth, embora muita gente faça piada com essa
exuberância de amadrinhamento.
Beth canta Folhas Secas:
Beth levou os sambas do Cacique aos primeiros lugares em execução nas
rádios. Tornou-se a protetora desses sambistas e assumiu o primeiro lugar entre
os artistas nacionais. Em 1984, o samba de embalo Firme e Forte (Efson
e Nei Lopes) estourou de norte a sul. Beth não teve sossego. Entre shows
abundantes e participação nas rodas de samba de fundo de quintal em Ramos e
outros terreiros, ela encontrou ânimo para desfilar no Bloco do Clube do Samba
(que ajudara a fundar em 1979) no Cacique, na Portela, na sua Mangueira e na
Unidos do Cabuçu, escola da qual foi o enredo naquele ano. Sua autenticidade na
dedicação ao samba cobrou-lhe um preço mais tarde, quando o excesso de
participação em mesas e rodas de samba, além dos múltiplos shows, a forçaram a
fazer uma cirurgia para retirar calos nas cordas vocais. Mas nos anos 80 nada conseguiu
barrá-la. Foram anos de fartura de lançamentos. Em 1980, saiu Sentimento
Brasileiro que abria com A Chuva Cai, de Argemiro e Casquinha, autores
da Velha Guarda da Portela, à qual sempre prestigiou, com fez com os
mangueirenses Cartola, Nelson Cavaquinho e Nelson Sargento. Seguiram-se Na
Fonte (1981), Traço de União (1982), Suor no
Rosto (1983), Coração Feliz (1984), Das Bênçãos que Virão Com
os Novos Amanhãs (1985), Beth (1986), Ao Vivo em Montreux
(1987), Toque de Malícia e Alma do Brasil (1988) e Saudades
da Guanabara (1989), cujo samba título é um clássico de Moacyr Luz, Paulo
César Pinheiro e Aldir Blanc. Foi uma década de muito sucesso, mas de um
trabalho intenso.
O samba paulista em 2 volumes
Mas quem disse que a sambista descansou? Na poeira do terreiro carioca
o pagode se expandiu e encontrou em São Paulo sua versão mais romântica e mais
melosa. Surgiram dezenas de grupos gravando, fazendo shows e vendendo como
nunca se viu. Fortunas foram amealhadas do dia para a noite e os reis do
mercado da década anterior se viram diante de uma concorrência brava. Foi um
período de dificuldades para todos os artistas ligados ao samba tradicional,
muitos deles cedendo à tentação do sucesso fácil e aderindo ao sambanejo, ao
samba lacrimoso, ao pagode meloso. Essa avalanche entrou pelos anos 90 com
força, restringindo um pouco o espaço dos sambistas tradicionais. Mas Beth
Carvalho não cedeu à pressão do mercado. Continuou fazendo um trabalho bem
cuidado, com repertório selecionado entre o que de melhor se produzia,
regravando autores clássicos e descobrindo novos.
Beth canta As Rosas Não Falam:
Em 1991 reuniu um lote de afilhados para a gravação do disco Beth
Carvalho ao Vivo no Olímpia, no qual revisitou velhos sucessos
compartilhados com Jorge Aragão, Arlindo Cruz, Fundo de Quintal entre tantos.
No ano seguinte, lançou pela Som Livre o CD Pérolas, comemorando os 25
anos de carreira. Nele, reuniu seus grandes autores, de Nelson Cavaquinho a Ismael
Silva e Pixinguinha, passando por Chico Buarque e Adoniran Barbosa. Um
clássico, no qual deixava patente que não tinha compromisso com modismos. Em
1994 lançou o já citado Beth Carvalho canta o samba de São Paulo, pelo
selo Velas, onde canta os já referidos Geraldo Filme, Talismã, Adoniran, Paulo
Vanzolini e Eduardo Gudin. Em 1996, Beth Carvalho, que havia dois anos não
gravava, reuniu sambas de primeira num CD belíssimo em que o tom romântico
predominava. A seleção minuciosa dessa caçadora de talentos revelou em Brasileira
da Gema achados como Se Você Soubesse, do desconhecido
Fernando de Lima, e Desilusão de Amor, de Sombra e Paulo Cesar
Pinheiro. No clássico Sempre Mangueira, do venerado Nelson Cavaquinho,
Beth declarou sua paixão pela verde e rosa. Um grande disco que se soma à
dezena que lançou naquela década e que incluiu ainda Intérprete
(1991), Pérolas (1992), Beth Carvalho e Nelson Cavaquinho
(lançado em 1993 no Japão), Pérolas do Pagode (1998) e Pagode de
Mesa (1999) e outros lançamentos e discos variados com seleção de antigas
gravações. Os anos 2000 não ficaram sem novidades da cantora, que lançou
trabalhos inéditos, coleções e discos gravados ao vivo, como Beth Carvalho:
A Madrinha do Samba ao Vivo Convida (2004).
Homenagem ao samba baiano
Beth jamais abandonou o aconchego do samba levado nas rodas de amigos, onde
só quem é bamba dá o recado e onde não vale o cartel do sucesso comercial. Fiel
a esse samba mais autêntico, ele gravou em 2000 o CD Pagode de Mesa ao Vivo,
que rendeu um volume 2, e discos originais como Nome Sagrado, em que
canta canções de Nelson Cavaquinho (2001), homenagem que ela repetiu em relação
a Cartola, num disco de 2003. Lançou ainda Beth Carvalho e Amigos
(2005), compartilhou Cidade do Samba (2007) com Martinho da Vila, Zeca
Pagodinho, Nelson Sargento e vários outros, e lançou Primeiras Andanças,
uma coletânea com cinco CDs reunindo suas primeiras gravações. Em 2006 ela foi
a Salvador, onde gravou ao vivo o CD Beth Carvalho canta o Samba da Bahia,
disco lançado no ano seguinte no Canecão, no Rio, onde gravou o DVD com 30
músicas de compositores como Riachão, Dorival Caymmy, Caetano Veloso, Ederaldo
Gentil, Batatinha e muitos outros, e contou com a participação de convidados
que foram de Ivete Sangalo e Damiela Mercury a Gilberto Gil, Caetano e Maria
Bethânea.
Beth canta com Ivete Sangalo Batucada Brasileira:
Beth continuou em sua peregrinação pelas quebradas mais obscuras onde seu
faro de caça talentos descobria samba bom. E foi batizando novos valores aqui e
ali, cumprindo sua vocação e sina de madrinha. A febre do pagode meloso, que
prosseguira pelos anos 90 a fora, Beth ignorou solenemente, mantendo-se
na trilha do samba de raiz, mas buscando a renovação dentro do gênero, com
respeito às suas características. Foi assim que nos anos 2000 descobriu para o
país o paulistano Quinteto em Branco e Preto, com jovens da Zona Sul de São
Paulo que foram revelados no famoso Samba da Vela, frequentado pela cantora em
suas incursões pela terra da garoa. Deu força aos garotos, chamando-os para
acompanhá-la em seus shows e ainda participou de seu primeiro disco. Essa
generosidade para com os jovens valores esteve presente também no show que
realizou no final de 2005, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, em
comemoração aos 40 anos de carreira, quando chamou para os holofotes o cantor
Diogo Nogueira, filho de seu amigo João, que lembrou o pai ao cantar seu
sucesso O Poder da Criação. Foi praticamente o lançamento do
ex-boleiro Diogo na carreira que consagrou o pai. A carreira profícua de Beth
Carvalho não cabe num breve perfil na internet. É uma história de amor ao samba
como não se vê por aí. Uma dedicação de toda uma vida adulta. Beth Carvalho é
uma figura a merecer todas as homenagens de velhos e novos sambistas, pela
dignidade que imprimiu à sua defesa intransigente do gênero. Neste Carnaval de
2011, ela recebeu o muito merecido Estandarte de Ouro, premiação do jornal O
Globo aos melhores do Carnaval carioca, como Personalidade do Ano. É a artista
de volta à ativa, recebida de braços abertos por todos os que vêem nela a
grande incentivadora de velhos e novos valores, cujos sambas registra para a
posteridade com uma competência rara. Seja bem-vinda, madrinha!
VEJA.COM 21/04/2011
Puxa, fazia tempo que eu não lia um texto (na internet) tão grande assim. Porém, com conteúdo, recheado de informações e curiosidades. Valeu Júlio Cesar.
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