Batucada didática
Por Julio Cesar Cardoso de Barros
O escritor, compositor e publicitário Nei Lopes concebeu e pesquisou os ritmos sobre os quais o músico Alfredo Galhões compôs as doze faixas do CD Batuques Ancestrais (que tem direção artística do violonista Ruy Quaresma). Couros e cordas recriam o samba de escola, o jongo, o lundu, o maracatu, o ijexá e outros ritmos que formaram a base multicolorida da nossa música. “A variedade de ritmos que caracteriza a música popular brasileira só encontra paralelo na música afro-cubana”, escreve Lopes na apresentação do disco, justificando o “mergulho no universo percussivo afro-brasileiro”. Os percussionistas Pretinho da Serra, Zero e Naife Simões se desdobraram na recriação dos ritmos tradicionais de escolas de samba cariocas nos anos 60, época em que cada agremiação tinha seu sotaque característico, que foi se diluindo no tempo. Em Arengueiro, por exemplo, ouve-se a levada típica da bateria do Salgueiro nos anos de ouro da agremiação da Tijuca. Ritmos do sul e do nordeste são representados em Bará Lodê e Baque de Luanda, faixas que convidam o ouvinte a balançar a roseira no meio da sala. Batuques Ancestrais é uma viagem pelo país através do som herdado dos escravos africanos, nos arranjos claros e didáticos de Galhões.
VEJA.COM
25/06/2010
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