Choro em dose dupla
Quem gosta de música instrumental, de violão e, mais especificamente, do choro derramado de Dilermano Reis, João Pernambuco, Pixinguinha, Canhoto da Paraíba, Jacob do Bandolim e outros bambas do gênero, vai se encantar com o CD Yamandú Valter, que reúne em 13 faixas os violões de sete cordas de Yamandú Costa (cordas de nylon) e Valter Silva (cordas de aço). No laser, pérolas como Tempo de Criança (Dilermano), Implicante (Jacob), a brejeira Mistura e Manda (Nelson Alves), a nostálgica Tua Imagem (Canhoto), a sincopadaArabiando (Esmeraldino Salles) e a dolente Os Cinco Companheiros (Pixinga). Completam o álbum Rosa Morena, um clássico de Dorival Caymmi, Caprichos do Destino, de Pedro Caetano e Claudionor Cruz, Revendo o Passado, de Freire Júnior, Uma Noite no Sumaré, de Esmeraldino Salles e Orlando Silveira, Dengoso, de Pernambuco, Com Mais de Mil, de Canhoto e Magoado, de Dilermano. Uma seleção perfeita para o virtuosismo da dupla.
São duas gerações de instrumentistas, Yamandú com 30 anos e o carioca Valter com 70. Valter é figurinha assinada e carimbada das rodas de choro do Rio, para onde Yamandú, gaúcho de Passo Fundo, mudou-se há 9 anos. Lavado e enxaguado nas águas do cancioneiro dos pampas gaúchos, o jovem violonista ficou conhecido em São Paulo por suas performances exuberantes, tocando choro e samba com a paixão de um guitarrista flamenco. A parceria com os chorões cariocas domou os arroubos interpretativos do rapaz, sem tirar-lhe o vigor na execução. Um discaço.
VEJA.COM 07/07/2010
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