Elegância em dupla
Por Julio Cesar de Barros
A Biscoito Fino acaba de relançar um disco antológico: Na Madrugada, que reuniu em estúdio em 1968 dois dos maiores compositores brasileiros, Elton Medeiros e Paulinho da Viola. O estojo manteve a foto original da capa do Long Play co-produzido por Hermínio Bello de Carvalho com direção musical do maestro Lyrio Panicalli. Elton canta parcerias com Cartola, Mauro Duarte, Zé Keti, Paulinho e o prórpio Hermínio. Paulinho canta sambas seus e parcerias com Candeia e Casquinha. Destaques para O Sol Nascerá (Elton e Cartola: “A sorrir eu pretendo levar a vida/ Pois chorando eu vi a mocidade perdida”) e Jurar Com Lágrimas (Paulinho: “Jurar com lágrimas que me ama/ Não adianta nada”). Elton, carioca da Glória, fez seu primeiro samba aos 8 anos de idade para o bloco de garotos da rua onde morou, no subúrbio carioca de Brás de Pina. Ele é dessas reservas de talento cada vez mais raras na MPB, ritmista competente, tocou trombone em gafieira e em 1996 juntou-se aos chorões do regional Galo Preto para gavar o inspirado CD Mais Feliz. Seu samba O Sol Nascerá, em parceria com Cartola, já mereceu mais de sessenta gravações e Pressentimento, terceiro colocado na Bienal do Samba, em 1968, já foi gravado por mais de trinta cantores diferentes.
Ouça Pressentimento, com Elton Medeiros e Alcione:
Foi fundador do bloco carnavalesco Tupi de Brás de Pina, integrante da ala de compositores da escola Aprendizes de Lucas e junto com Paulinho e Hermínio (produção e direção) já havia participado de um espetáculo que gerou dois discos antológicos da série Rosa de Ouro (1965 e 1967). Paulinho da Viola dispensa apresentações. Ele cresceu num ambiente em que se cultivava o choro. Seu pai, o violonista César Faria, foi componente do lendário conjunto Época de Ouro. A casa da família, no bairro carioca de Botafogo, era frequentada por grande chorões, como Pixinguinha. O primeiro sucesso de Paulinho aconteceu na Portela, sua escola de coração, onde venceu o concurso de samba-enredo de 1966 com Memórias de um Sargento de Milícias. Nome indiscutível do primeiro time da MPB, é autor de clássicos como Sinal Fechado e Foi um Rio que Passou em Minha Vida. Um disco para comprar, ouvir e guardar com carinho.
Ouça Foi um Rio que Passou em Minha Vida:
VEJA.COM 06/07/2010
Nenhum comentário:
Postar um comentário