História das escolas de samba contada com o coração
Por Julio Cesar Cardoso de Barros
Pelo que o tema tem de exótico, há mais estudos sociológicos, antropológicos e psicológicos sobre o samba e suas escolas do que pesquisa histórica. Nessa situação, As Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Lumiar; 448 páginas; 25 reais), do jornalista Sérgio Cabral, é bem-vindo. Em 1974 o autor já havia publicado As Escolas de Samba. O novo livro é outra tentativa de contar a mesma história, de forma melhorada e ampliada. Uma boa oportunidade para conhecer um pouco da vida dessas agremiações carnavalescas e do próprio gênero musical que as inspirou. Do terreiro das tias baianas do começo do século até o sambódromo, com depoimentos e entrevistas com sambistas, Cabral nos apresenta um rico material da cena carioca. Amigo de grande parte dos personagens citados, ele fez um trabalho carregado de afeto e adjetivos em que há figuras destacadas confessadamente “como forma de homenagem e gratidão”. Pitoresco, ilustrativo e de leitura agradável, o livro ficaria melhor se o autor fosse mais imparcial. Defensor dos sambistas, Cabral atribui apenas a males externos a descaracterização das escolas — quando se sabe que os próprios sambistas são grandes novidadeiros e que as mudanças raramente ocorrem sem sua participação e apoio.
VEJA, 29/01/1997.
VEJA, 29/01/1997.
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