quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

BILLY BLANCO

Um dos nossos melhores autores


Billy Blanco: precursor da Bossa Nova

Por Julio Cesar Cardoso de Barros

No dia 8 de maio de 1924 nascia, em Belém do Pará, o compositor Billy Blanco. Nome do primeiro time da música brasileira, ele morreu em 8 de julho de 2011, aos 87 anos, vítima de um AVC. Autor de clássicos do samba, como Piston de Gafieira, e do samba-canção, como Tereza da Praia e Mocinho Bonito, William Blanco Abrunhosa Trindade era arquiteto e tornou-se figura marcante na cena musical carioca dos anos 50, tendo sido gravado por nomes como Linda Batista, Lúcio Alves, Dolores Duran, Dick Farney, Doris Monteiro, Elis Regina e João Gilberto.

Foi um dos precursores do que viria a ser a Bossa Nova, pelo estilo enxuto de suas composições. Seus sambas-canção foram regravados como Bossa  por intérpretes do movimento, passando suas criações a integrar o repertório do sub-gênero criado por João Gilberto e Cia. Billy começou a cantar e compor ainda em sua terra natal, onde formou o grupo Gaviões do Samba, que se apresentava nas rádios locais. Aos 22 anos mudou-se para o Rio de Janeiro, onde fez carreira. No Rio, formou o Sexteto Billy Blanco, em 1950, trabalhou na noite, onde conheceu Dolores Duran e Dick Farney, que viriam a ser dois de seus grandes intérpretes. Músico exigente, se fez cercar dos melhores, tanto intérpretes quando músicos que o acompanhavam. Em 1954, lançou o disco Sinfonia do Rio de Janeiro, em parceria com Tom Jobim, que reuniu onze faixas com arranjos de Radamés Gnatalli e interpretação de Elizeth Cardoso, Emilinha Borba e outros grandes astros da música no momento. Nos anos 60 participou dos grandes festivais de MPB, sempre com boas colocações. Em 1968, Jair Rodrigues defendeu seu Canto Chorado na Bienal do Samba, classificando-a em quarto lugar. Com mais de 300 canções gravadas, fez também trilha sonora para cinema e teatro. Em 2002 seu filho Billy Jr. produziu um disco com seus maiores sucessos, interpretados por cantores como Leila Pinheiro, Olivia Hime, Erasmo Carlos e Ney Matogrosso. Foi um dos maiores autores da música popular brasileira e letrista inspirado, que deixou versos de contundência como os de A Banca do Distinto:  “Não fala com pobre/ Não dá mão a preto/ Não carrega embrulho/ Pra que tanta pose, doutor?/ Pra que esse orgulho?”. Deixou obra de respeito que o tornará imortal.

Billy canta A Banca do Distinto, acompanhado pelo filho Billy Jr.:

No estúdio com o maestro Chiquinho Moraes e Aloísio de Oliveira

Em 1974, Billy Blanco lançou sua Sinfonia Paulistana, obra que lhe tomou dez anos de trabalho, com quinze movimentos. Para interpretar ele convocou um time eclético, que reuniu Miltinho, Claudette Soares, Pery Ribeiro, Elza Soares e Nadinho da Ilha. O coro do Municipal de São Paulo e orquestra regida pelo maestro Chiquinho Moraes completaram o time que contou a história de São Paulo desde sua fundação na visão do paraense Billy Blanco. O produtor foi Aloísio de Oliveira. A obra permanece desconhecida da maioria dos brasileiros, mas e uma obra de fôlego de um compositor marcado por sambas de letras enxutas e precisas como um bisturi. Billy foi um dos grandes.



VEJA.COM 10/07/2011

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