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terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

PATTY ASCHER

Mostra sua bossa com Bacharach


Patty Ascher: belas canções numa bela voz

Por Julio Cesar Cardoso de Barros

A paulistana Patty Ascher tem muito poucos anos de carreira e já exibe uma cancha de veterana. Apresentada ao público brasileiro no álbum Bacharach Bossa Club (2007), no qual cantou canções de Burt Bacharach com arrajos de Bossa Nova, ela está lançando seu segundo disco,Deu Jazz no Samba. Num estilo suave, ela detona em The Summer Knows, tema do filme Verão de 42, que garantiu um Oscar ao compositor Michel Legrand. Aqui o hit ganha um arranjo esplêndido de Dori Caymmi. E Dori é só um dos grandes nomes por trás dessa feliz empreitada. Em Sunrise, Patty ganha parceria de Roberto Menescal, seu padrinho musical, e de Lula Freire, com participação do próprio Menescal na gravação. Nas demais faixas, ela conta com os arranjos de Marco Pontes, Amílson Godoy, Gilson Peranzetta, Cristóvão Bastos, Jota Moraes e Aluísio Pontes. Com exceção de Sunrise, de The Summer Knows, de Saudade (que tem co-autoria de Ronaldo Rayol), de Talvez (co-autoria com Eduardo Lages) e de How Much I Care (co-autoria com Peranzetta), todas as demais faixas são composições de Patty em parceria com o instrumentista, maestro, produtor, compositor e arranjador Marco Pontes, o Caixote.

Segundo disco e cancha de veterana

São sambas-jazz, mas sobretudo são belas canções com belos arranjos numa bela voz. Filha de Demerval Teixeira Rodrigues, o Neno, baixista que tocou nos Incríveis, Jordans e Clevers, bandas de música jovem dos anos 60, Patty é formada em Marketing Educacional em Nova York, e já havia gravado um disco só com clássicos da MPB, lançado no Japão.  Nesses dias 30 (sexta) e 31 (sábado), em shows que se reverterão em benefício do Hospital Santa Marcelina, Patty estará no Auditório do Ibirapuera apresentando músicas dos dois discos. A direção musical do show,como não podia deixar de ser, é de Marco Pontes. Na banda, um time de primeiríssima composto por Cristóvão Bastos, Amílson Godoy, Jota Moraes, Aluísio Pontes e Eduardo Lages. Participação especial do cantor, compositor e tecladista Cláudio Goldman. No Auditório do Ibirapuera,  Avenida Pedro Álvares Cabral, s/n, Portão 2, São Paulo. Confira a voz e a intrerpretação originais de Patty Ascher: http://www.myspace.com/pattyascher.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

JORGE ARAGÃO

O clássico da avenida

Aragão: estilo reafirmado

Por Julio Cesar Cardoso de Barros

Nem só de samba-enredo vive o Carnaval carioca. Quando o Bloco do Pagodão pisar op asfalto da Marquês de Sapucaí, aquecendo as arquibancadas para o desfile das escolas de samba, o povo cantará uma seleção de sambas de terreiro de seus melhores compositores. Entre eles, uma presença obrigatória é Jorge Aragão, que acaba de lançar Acena, seu sétimo álbum.


Acena: sétimo álbum de Jorge Aragão

Responsável por sucessos como Coisinha do Pai e Vou Festejar, que embalaram desfiles do Cacique de Ramos e explodiram na voz de Beth Carvalho nos carnavais do final dos anos 70, Aragão é um dos fundadores do grupo fundo de Quintal. Apesar do sucesso com o ritmo de rua, seu forte são os sambas que falam das coisas do coração, como Malandro, sucesso na voz de Alcione, Papel de Pão (1990), Alvará (1992) e Marcas no Leito, com o parceiro Sombrinha. No CDAcena o compositor reafirma seu estilo personalíssimo. Como um Rei é um samba forte de letra despretensiosa. Falsas Razões tem o traço marcante de seus versos amorosos.
Embora suas músicas sejam o maior libelo em favor do samba, Aragão ainda quer dar toque nas consciências. É o que ocorre na nacionalista Casa Colonial (É geral/ A impressão de desolação/ Dessa casa colonial/ A lixeira cultural/ Filial do Tio Sam). Se em Coisa de Pele (1986) cantava eufórico “Sabemos agora/ Nem tudo que é bom vem de fora”, hoje ele se mostra preocupado com o jabaculê. “O samba/ Que era só de gente bamba/ Agora/ É dólar dentro da caçamba”, denuncia em Brava Gente Bamba. Sem jabá nem divulgação, o bom samba de Jorge Aragão sucumbe sob a avalanche do pagode de laboratório e as infinitas variações descartáveis de dance music. Reverenciado pela nova geração de sambistas, ele toca nos guetos do samba e vende num nicho muito específico do mercado. É por essas e outras que na faixa O Brasil Precisa Balançar, um samba delicioso de Roberto Menescau e Paulo César Pinheiro, os autores perguntam, entre perplexos e irônicos: “Se  o samba é bom/Por que é que ninguém quer sambar?”.

VEJA/8/2/1995.