Origem e evolução do samba
Por Julio Cesar Cardoso de Barros
O samba moderno, conhecido como o ritmo brasileiro por excelência, nasceu na
Bahia e se criou no Rio de Janeiro. Ele vem das batucadas festivas dos
terreiros, do samba-de-roda do Recôncavo Baiano e tem influências harmônicas do
choro e do maxixe. Conheça as raízes dessa música e os subgêneros que gerou ao
longo de sua evolução.
1870 – Choro
Música instrumental popular, tocada com piano, bandolim, violão, cavaquinho e
flauta nos salões do subúrbio carioca na segunda metade do Século XIX. Era
basicamente a forma de os músicos brasileiros executarem os gêneros musicais da
moda na Europa, como a polca, a valsa e o schottisch (xote), além do lundu,
ritmo e dança de origem africana. O gênero foi fixado, entre outros, pela
compositora e pianista Chiquinha Gonzaga (1847-1935), cujos choros
Atraente e Faceiro são tocados até hoje, e pelos flautistas
Joaquim Callado (1848-1880) e Viriato Figueira (1851-1883).
Chiquinha Gonzaga
Talitha Peres toca Faceiro, de Chiquinha Gonzaga, no Teatro
Municipal de São João del-Rei (MG):
1870 – Maxixe
Contemporâneo do choro e como ele influenciado pela polca e outros ritmos de
salão da última metade do Século XIX, o maxixe foi cultivado pelos chorões e
teve em Chiquinha Gonzaga e Ernesto Nazaré dois de seus maiores criadores. O
ritmo entrou nas primeiras décadas do Século XX pelas mãos dos músicos negros do
Rio de Janeiro e é um dos precursores do samba carioca.
Ernesto Nazareth
Virginea Rosa canta Maxixe do Barradas, de Chiquinha Gonzaga, com
Maria Teresa Madeira ao piano:
1876 – Samba-de-roda
Modalidade musical cultivada pelos negros do Recôncavo, o samba de roda é
cantado até hoje em rodas de capoeira e em festas profanas de terreiros onde se
cultuam os deuses do panteão africano. No final do Século XIX, foi trazido para
o Rio, já no final da escravidão, pelas tias baianas, mães-de-santo em cujas
casas se praticava o candomblé e onde se reuniam em festejos profanos seus
filhos de santo, filhos de sangue e convidados. A mais famosa dessas tias foi
Ciata (1854-1924), que chegou ao Rio em 1876.
Samba de roda da Bahia
Samba de roda na Bahia:
1899 – Marchinha Carnavalesca
Além do choro e do maxixe, Chiquinha Gonzaga tem seu nome intimamente ligado
às marchinhas carnavalescas. É dela a primeira marchinha a fazer sucesso no
reinado de Momo: Ô Abre Alas (1899). Composta para o bloco Rosa de
Ouro, a música é tida como a primeira de um gênero inspirado nas marchas
portuguesas, de ritmo mais marcial, que foram muito populares no Rio de Janeiro
até o início do Século XX. Lamartine Babo e Braguinha foram dois dos maiores
autores de marchinhas, que são tocadas até hoje no Carnaval.
Lamartine Babo
Ouça Ô Abre Alas com Marlene, Emilinha e Angela Maria e Leandro
Braga (Piano):
1917 – Samba-maxixe
Convencionou-se que o primeiro samba gravado no Brasil foi Pelo
Telefone, de Mauro de Almeida e Donga cantado por Baiano. É um marco, mas
logicamente outras músicas do gênero já existiam. Eram resultado da influência
do maxixe e do samba-de-roda que os baianos trouxeram para o Rio e cantavam nas
festas das tias da zona portuária da Gamboa e da Saúde, num movimento que depois
se espalhou pela Cidade Nova, com a modernização do centro e a derrubada das
moradias precárias onde viviam os negros. Pelo Telefone era mais um
maxixe que o samba como o conhecemos. O samba moderno é uma evolução surgida nos
morros e nos bairros do Estácio e Vila Isabel, fruto da troca entre sambistas
das favelas e do “asfalto”.
Sinhô
1927 – Samba Carioca
Compositores da cidade, que subiam o morro para batucadas memoráveis e
compositores do morro que desciam para frequentar os cafés, que eram pontos de
encontro de artistas, criaram um novo modo de cantar o samba. Baiaco, Brancura,
Bide, Ismael Silva e muitos outros autores já almejavam, por essa época, a
profissionalização. O primeiro samba de Ismael Silva gravado por Francisco
Alves em 1927 (Me Faz Carinho), é um marco do nascimento do samba
carioca, que resiste até hoje. Um exemplar esplêndido dessa safra de sambas é
Se Você Jurar.
Noel Rosa
Ouça Se Você Jurar, do filme Noel, o Poeta da Vila:
1928 – Samba-Canção
O primeiro samba-canção foi provavelmente Linda Flor
(Ai, ioiô), gravado com gigantesco sucesso pela atriz Aracy Cortes. Um
bom exemplo de samba-canção é Último Desejo, de Noel Rosa. É um estilo
de samba meloso, romântico, com influências mistas, da modinha e do fado
portuguêses na harmonia, do bolero na temática e nas melodias. Custódio
Mesquita, Dolores Duran, Antonio Maria, Tido Madi, Adelino Moreira, Tom Jobim e
outros grandes nomes da MPB fizeram sambas-canção, um dos estilos mais populares
de música brasileira, com espaço amplo no rádio das décadas de 20 a 60.
Custódio Mesquita
João e Bebel Gilberto cantam Linda Flor,
no Palace, São Paulo, em 1994:
Desde antes de Pelo Telefone - o primeiro samba a ser gravado,
segundo a convenção - o pessoal que se reunia nas festas das tias baianas, na
zona portuária do Rio, já cantava refrões seguidos de versos improvisados.
Herança dos sambas-de-roda e outras formas de sambas baianos sustentados por um
refrão intercalado por versos, com o povo marcando o ritmo na palma das mãos e
fazendo côro, enquanto os ritmistas seguravam o andamento nos couros, batucando
em caixotes ou raspando um prato com a faca. Chamado às vezes de partido alto
baiano, chula raiada ou samba raiado, ele esteve presente no repertório dos
sambistas por todo o início do Século XX. A década de 30, no entando, parece ser
a época em que o partido tomou a forma que tem hoje. Em 1931 o Grupo Guarda
Velha gravou de Pixinguinha, Donga e João da Baiana os partidos Há! Hu!
Lahô! e Conversa de Crioulo. Em 1932, Pixinguinha teve gravado o
Samba de Fato, feito em parceria com Cícero de Almeida, ainda com
aquele andamento amaxixado dos primeiros sambas, em que dizia: Refrão: “Samba de
partido-alto/ Só dá cabrocha que samba de fato”. Versos: Só dá mulato filho de
baiana/ E gente rica de Copacabana/ Doutor formado de anel de ouro/ Branca
cheirosa de cabelo louro”. Por essa época o samba de partido alto começou a ser
cantado nos terreiros de samba como uma espécie de desafio de repentistas. O
refrão era cantado em coro pelos presentes e dois ou mais partideiros
improvisavam versos. Vencia aquele que superasse os demais nas rimas. Candeia
foi um partideiros dos mais respeitados.
Candeia
Candeia no filme Partido Alto, de Leon
Hirszman:
1936 – Samba-de-Breque
Moreira da Silva conta que foi por acidente que o breque apareceu durante
show num cinema do subúrbio carioca do Méier, em 1936. “Foi por acaso, como
quase todas as descobertas dos cientistas. Eu estava cantando um samba fraquinho
e decidi interromper e improvisar umas falas só para brincar com a platéia. O
Tancredo Silva me deu um samba de quatro linhas (Jogo Proibido) e eu
improvisei em cima: ‘Meto a solingen na garganta do otário e ele geme, ai, ai,
meu Deus! Não posso mais. Vou me acabar’. Aí nasceu o breque”. Clássicos do
gênero são Acertei no Milhar, de Wilson Batista e Geraldo Pereira
(1940) e Na Subida do Morro, de Moreira da Silva e Ribeiro Cunha
(1952).
Na Subida Do Morro, com Moreira da
Silva:
1939 – Samba-Enredo
O samba de Paulo da Portela, Teste ao Samba, é considerado o
primeiro samba-enredo. Até então as escolas cantavam sambas variados, sobre
assuntos que nada tinham a ver com as fantasias. O samba de Paulo foi cantado no
desfile de sua escola no Carnaval de 1939. Um clássico do gênero, que serviu de
parâmetro para muitos compositores, é Aquarela Brasileira, de Silas de
Oliveira, samba do Império Serrano em 1964.
Silas de Oliveira
Aquarela Brasileira, de Silas de Oliveira,
com Martinho da Vila:
1939 –
Samba exaltação
Ary Barroso, com Aquarela do Brasil, inaugurou esse estilo de samba,
em 1939. Feito sob a ditadura Vargas, o samba foi gravado por Francisco Alves, o
Rei da Voz, e interpretado por Cândido Botelho no musical beneficente
Joujoux e Balangandans, patrocinado pela primeira-dama Darcy Vargas. As
escolas de samba também criaram o seu samba exaltação, que canta as virtudes da
escola. É o exemplo de Um Rio que Passou na Minha Vida, de Paulinho da
Viola, que exalta a Portela.
1941 – Samba Sincopado
Para estabelecer um marco, meio arbitrariamente, do surgimento do samba
sincopado, há quem diga que 1941 é o ano do seu nascimento, com A Mulher que
Eu Gosto, de Wilson Batista e Ciro de Souza (que chamava o estilo de samba
de telecoteco), grande sucesso na voz de Ciro Monteiro. Outros dizem que é
Sinto-me Bem (1941), de Ataulfo Alves. Mas esses sambas
estavam mais para o “samba direto” do que para sincopado. Na verdade,
faltava-lhes a ênfase na síncope ou síncopa. Falsa Baiana (1944), de
Geraldo Pereira, é um exemplar clássico do gênero. A síncopa, que caracteriza o
samba, é a execução da nota fora do tempo normal dos compassos. O samba é
composto em compasso binário e ritmo sincopado, mas no samba sincopado há, por
assim dizer, um exagero da síncopa. O sambista faz isso adiantanto ou
prolongando o fraseado em desarmonia com o compasso, faz o que os músicos chamam
de contratempo.
Geraldo Pereira
Gal e Gil interpretam Falsa Baiana
(Geraldo Pereira), no show Viva Brasil, em Paris (2005):
1956 – Samba de Bloco
A fundação do Bafo da Onça, em 1956, é um marco adequado para o surgimento do
samba de bloco, ou samba de embalo. Os blocos de embalo, como o Bafo, são filhos
diretos dos blocos de sujo, que eram a forma mais comum de o carioca brincar o
Carnaval. Na medida em que alguns desses blocos cresceram e se organizaram,
foram se transformando nos maiores agrupamentos da folia de rua. Os blocos
cantavam sambas curtos, de fácil apelo, próprios para serem cantados pela
multidão, incluindo pessoas que nunca os tinham ouvido antes. Sambas assim já
eram cantados no Carnaval, rivalizando com as marchinhas carnavalescas. Com o
surgimento dos blocos de embalo e a composição de sambas próprios para o desfile
de cada ano, eles se tornaram um novo gênero. Boêmios do Irajá, Cacique de Ramos
e Bafo da Onça são os blocos de embalo mais populares, que viveram seu auge nos
anos 70. Dois sambas de embalo que marcaram época foram Vou Festejar
(Neoci, Dida e Jorge Aragão) e Coisinha do Pai (Jorge Aragão, Almir
Guineto e Luiz Carlos), do Cacique de Ramos, que acabaram virando sucesso na voz
de Beth Carvalho no final dos anos 70.
Desfile do Cacique de Ramos
Beth Carvalho canta Vou Festejar com o Cacique de Ramos:
1958 – Bossa Nova
Samba que surgiu nas reuniões dos apartamentos da Zona Sul carioca, seu marco
oficioso é o lançamento de Chega de Saudade (Tom e Vinicius) na voz de
João Gilberto, em 1958. Seu habitat , além do apartamento da classe média
carioca, foram as pequenas casas noturnas do Rio, de clima mais intimista. Seus
intérpretes são herdeiros de um jeito de cantar que destoa da tradição dos
grandes gogós, como Francisco Alves, Vicente Celestino e outros. Sua escola
remonta a Mario Reis, passa por Tito Madi, com um jeito de cantar mais leve, de
voz pequena, mais intimista. Os músicos da Bosa Nova eram fortemente
influenciados pelo jazz, que ouviam loucamente, e pela fossa, pela
dor-de-cotovelo, cantada nos sambas-canção, que marcou a música brasileira dos
anos 50 e emprestou-lhes seu tom recatado. Há quem afirme que foi a batida de
violão de João Gilberto que consolidou a Bossa Nova como um novo estilo musical.
O violão de João segura o ritmo com sutis desenhos assimétricos nos acordes. Não
à toa ele se deu tão bem cantando sambas sincopados.
João Gilberto e Tom Jobim
João Gilberto canta Chega de
Saudade:
1963 – Sambalanço
Tipo de samba surgido nas casas noturnas do Rio e São Paulo, o sambalanço tem
como marco a batida apresentada em 1963 por Jorge Ben, com a música Mas Que
Nada. Claramente influenciado pelo modo de cantar dos bossanovistas e com
uma batida de violão paletada como no rock’n’roll, o novo som se sustentava numa
levada de samba leve, com predomínio da vassourinha na bateria ou na timba. Ao
longo dos anos 60, o sambalanço foi ganhando consistência e volume, inspirando
uma forma de dança de salão que fundia os volteios do rock dos anos 50 com os
floreados da gafieira. Virou um sucesso nos bailes negros de São Paulo. O
sambalanço passou a ser chamado, também, de samba-rock. Ed Lincoln com sua
banda, Elizabeth Vianna, Trio Mocotó, Noriel Vilela são alguns dos nomes dessa
fase, além de Jorge Ben, é claro.
Jorge Ben canta Mas que Nada:
1971 – Samba-Jazz
O pianista Dom Salvador correu o mundo tocando com sambistas e jazzistas. Fez
uma carreira respeitável como músico, antes de formar a banda Abolição, que em
1971 lançou o disco Som, Sangue e Raça, num estilo que ficou conhecido
como samba-jazz.
Don Salvador e Grupo Abolição
Dom Salvador & Banda Abolição, Moeda, Reza e Cor (1971):
1973 – Sambão-Jóia
Egressos da Jovem Guarda, que tinha morrido anos antes, alguns compositores
viram no crescente prestígio de sambistas como Martinho da Vila, Clara Nunes,
Beth Carvalho e outros, uma saída para sua carreira em declínio. Em 1973, um
carioca de Lins de Vasconcelos, Luiz Ayrão, gravou aquele que pode ser citado
como o hino do gênero: Porta Aberta. Foi um sucesso estrondoso, que
acabou por fixar o gênero assim chamado de modo pejorativo pelos críticos:
sambão-jóia. Fizeram parte dessa leva o compositor santista Luiz Américo
(Filho da Véia), o baiano Ciro Aguiar (Do You Like Samba) e o
fluminense Benito de Paula (Retalhos de Cetim).
Luiz Ayrão
Luiz Ayrão canta Porta Aberta no
programa Cantares, na TV Câmara (SP):
1976 – Samba-Funk
A fusão da banda de samba-jazz Abolição com o grupo Impacto 8 resultou, em
1977, na Banda Black Rio, que inaugurou o samba-funk e dominou a cena da black
music brasileira nos anos seguintes.
Banda Black Rio
Banda Black Rio toca Maria Fumaça, de seu
primeiro álbum (1977):
1980 – Pagode
Como toda a família do samba, o pagode já existia em formação, antes de 1980.
Mas um marco efetivo do estilo é o surgimento do grupo Fundo de Quintal, na
quadra do bloco carnavalesco Cacique de Ramos, no Rio. Dele faziam parte vários
compositores e músicos que frequentavam as rodas de samba realizadas nos mais
diversos recantos da cidade. Da formação inicial do grupo fizeram parte Almir
Guineto (que introduziu o banjo de braço curto no samba), Jorge Aragão,
Sombrinha, Arlindo Cruz, Neoci, Cléber Augusto, Sereno, Ubirani (que introduziu
o repique de mão) e Bira. O pagode substituiu a marcação do surdo pelo tantã
(espécie de tambor com ouro só de um lado, patido com a mão). Os tambores batidos na mão se justificava por se tratar de um samba de mesa, que necessita de um acompanhamento que não encubra o canto, ao contrário do partido alto, que é um samba de terreiro, e diferente do samba de embalo, que é um samba de desfile, exigindo maior vigor na batucada, sendo o couro castigado com baquetas. Alguns desses
sambistas fizeram muito sucesso em carreiras solo, ao deixar a formação original
do conjunto. O termo pagode originalmente referia-se a reunião de sambistas e
posteriormente aos sambas de meio-de-ano, não carnavalescos. Como subgênero do
samba, ele fixou-se a partir do Fundo de Quintal. O maior representante dessa
geração é Zeca Pagodinho.
Pagode no Cacique de Ramos
Fundo de Quintal e Dudu Nobre: A Batucada dos Nossos Tantãs e Levada desse Tantã:
1991 – Sambanejo
Sambanejo é a expressão pejorativa que identifica o samba romântico tocado
por bandas paulistas nos anos 90. Ficou conhecido como o jeito paulista de tocar
o pagode carioca. Seu marco foi o lançamento em 1991 do primeiro disco do
conjunto Raça Negra, que entre outras gravou músicas de Roberto Carlos com
levada de pagode. Deu origem a dezenas de outras bandas de sambas românticos
tocados na linha do pagode carioca. Teclados imitando metais e paletadas de
guitarra na base das cordas dão as tintas desse subgênero.
Grupo Raça Negra
Raça Negra canta Sozinho:
1997 – Pagode Universitário
Quando a onda do pagode estourou com Fundo de Quintal, Zeca Pagodinho,
Arlindo Cruz e Almir Guineto, no início dos anos 80, surgiram vários grupos que
nada tinham a ver com os terreiros de samba cariocas. Alguns deles com grande
sucesso, como os paulistanos Sensação, Art Popular, Katinguelê e o carioca Raça.
A partir dos anos 90, o pagode começou a atrair joves da classe média, que
passaram a frequentar suas rodas de samba e shows. Não demorou muito para que
surgissem bandas de pagode formados por jovens brancos. Alguns desses grupos
logo desapareceram, mas outros se firmaram e estão até hoje produzindo
sucesso. É o caso do Sorriso Maroto, composto por garotos da Zona Sul
carioca (1997), Jeito Moleque, de jovens do bairro de classe média de Santana,
em São Paulo (1998) e Inimigos do HP, grupo de universitários paulistanos
(1999).
Jeito Moleque
Jeito Moleque canta Me Faz Feliz:
VEJA.COM 02/12/2010