domingo, 1 de fevereiro de 2015

VAIVAI, BLOCO, CORDÃO, ESCOLA

A escola do Bexiga, fundada em 1930, comemora mais um aniversário


Camila Silva: rainha da bateria da Vai-Vai
Por Julio Cesar de Barros
Janeiro é o mês de aniversário de fundação da mais antiga agremiação carnavalesca paulistana ainda em atividade. Nascida como bloco, o grupo da Bela Vista marcou época como cordão carnavalesco e faz história na folia como escola de samba. A Escola de Samba Vai-Vai, que completou 85 anos no dia 1º de janeiro, e comemorou durante o mês todo, é o mais antigo grupamento de foliões da cidade de São Paulo ainda em atividade, tendo sua origem, ainda nos anos 20, no time de futebol Cai Cai, que era também uma agremiação carnavalesca do bairro da Bela Vista. Por volta de 1928, um grupo de dissidentes do Cai Cai fundou o Bloco dos Esfarrapados e o Cordão Carnavalesco e Esportivo Vae-Vae, que teve sua fundação oficializada em 1º de janeiro de 1930. Durante décadas os cordões carnavalescos imperaram no carnaval paulistano. Grupos como o Mocidade Camisa Verde e Branco, Campos Elíseos, Paulistano da Glória e  Fio de Ouro exibiam fantasias fartas em brocados, veludos, vidrilhos e paetês. Seus personagens eram lordes, reis, condes, príncipes e princesas, figuras da antiga corte. As baterias faziam um ritmo pesado, mais lento que o das atuais escolas de samba, com forte influência dos batuques rurais.



Até 1965 o cordão não apresentava enredos como as escolas de samba. Tinha temas para o desenvolvimento das fantasias e cantava sambas-exaltação. Em 1966 o grupo resolveu contar uma história com começo meio e fim: “O segundo casamento de Dom Pedro”. No ano seguinte, diante das dificuldades para montar um novo carnaval, o Vai-Vai repetiu o enredo e conquistou o título dos cordões. Em 1967, inovou trazendo um carnaval com figurinos do famoso estilista Denner. Em 1970, com o enredo “Princesa Leopoldina”, o Vai-Vai conquistou novamente o título. No ano seguinte, apresentou, em seu último carnaval como cordão, o enredo “Independência ou Morte”, cujo samba, do compositor Zé Di (futuro vencedor do samba campeão do Salgueiro em 1974, com “Rei da França na Ilha da Assombração”) é um dos melhores e mais conhecidos do gênero, incluindo os clássicos da passarela carioca: 
Valeu o sacrifício dos Andradas

E a prece da princesa Leopoldina

A morte de Tiradentes não foi em vão

São hoje símbolos vivos da nossa nação




 Se como cordão o Vai-Vai deixou saudades, como escola de samba a agremiação do Bixiga mostrou nova força, conquistando os títulos que a colocaram no primeiro lugar no ranking do Carnaval paulistano. Depois de penar um jejum de seis anos, o Vai-Vai sagrou-se campeão em 1978 pela primeira vez na nova categoria. Seus títulos: 1978, 1981, 1982, 1986, 1987, 1988, 1993, 1996, 1998, 1999, 2000, 2001, 2008 e 2011. A escola revelou figuras que marcaram para sempre o cenário do samba e do Carnaval da cidade. Foi lá que Geraldo Filme fez boa parte de seus melhores sambas. Pé Rachado e Chiclé, dirigentes por anos, Pato N’água, Feijoada e Mestre Tadeu (atual diretor de bateria e dirigente da escola), dirigentes do ritmo pesado do cordão e da escola, o intérprete Sol, fiel à alvi-negra há mais de quatro décadas, Ivo e China, eternos mestre-sala e porta-bandeira. Henricão, Dona Olímpia, Tobias e os Penteados, pai, filho e Cia. Gente do samba, fiel às raízes da Bela Vista. 

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